CENTENÁRIO
DE ANTONIO ROCHA
Maria
de Araújo Rocha (Pequena), acompanhada de seus filhos Antonio
Tibúrcio da Silva, Jorge da Silva Rocha, Miguel da Silva,
Maria Silva Rocha (Sinhá) e Antonio da Silva Rocha, chegaram
ao povoado Pau Ferrado, então interior de Pedreiras e hoje
de Santo Antônio dos Lopes-Maranhão em 1922, vindo
do interior de Picos, no Piauí, mas precisamente do povoado
Junco, onde Antonio da Silva Rocha nasceu em 17 de outubro de
1906 e ao chegar aqui, em terras maranhenses, tinha apenas 16
anos de idade. O marido e pai, João José da Silva,
ficou no Junco. O pai da família acima mencionada, João
José da Silva, homem duro, autoritário, permaneceu
no interior piauiense, trabalhando na lavoura, às margens
do Rio Guariba, embora outros membros da família tenham,
posteriormente, vindo juntar-se aos seus parentes aqui no Maranhão.
Todos inicialmente trabalhavam na lavoura, todavia, depois passaram
a exercer o ramo do comércio e da indústria de beneficiamento
de cana-de-açúcar e de arroz. Antonio Tibúrcio,
o mais velho, no começo tinha melhor condição
financeira que os outros e, por isso, fazia empréstimos
aos seus irmãos, mas fiscalizava a aplicação
dos valores emprestados.
Certa vez, chegando na casa de Antonio da Silva Rocha (no povoado
Santa Cruz), este já casado com Luiza Pereira da Silva,
casamento que aconteceu em 15 de outubro de 1928, tendo ela passado
a adotar o nome de Luiza Pereira Rocha (filha de Tolentino Pereira
da Silva, o homem mais rico do lugar Olho d´Agua Grande,
depois Olho d´Agua do Tolentino e de Alzira Sizaltina do
Rego), encontrou uma vitrola na sala e repreendeu seu irmão
mais moço por haver gasto parte do dinheiro que dele recebera
por empréstimo, sendo que o repreendido nada lhe respondeu,
em respeito ao primeiro irmão e seu compadre.
Antonio da Silva Rocha logo se destacou dos seus irmãos
por ser o mais inteligente, que embora só tenha tido 29
dias de aula, gostava muito de ler e fazer cálculos (aprendeu
a ler, escrever e fazer as operações de somar, subtrair,
dividir o multiplicar na areia da estrada de acesso ao lugar onde
morava), ingressou na política partidária, sempre
de oposição, e foi eleito Vereador do Município
de Pedreiras, por quatro vezes seguidas, e sempre um dos mais
votados, chegando a ser Presidente da Câmara Municipal e
o primeiro Prefeito eleito do recém criado Município
de Santo Antonio dos Lopes-MA.
O casal Antonio da Silva Rocha e Luiza Pereira Rocha teve os seguintes
filhos (20): Salomão, Valdemir, Judite, Lili, Olinda, Zuleide,
Osvaldo, Juarez, Valdenor, Nair, Vasti, Alzira, João, Antenor,
Enoe, Neusa, Antonio da Silva Rocha Filho, Luiza Pereira Rocha
Filha, Osmar e Jurandi, dos quais criou dezesseis, sendo oito
homens e oito mulheres e destes dezesseis filhos/filhas (quinze
estão vivos, graças a Deus), oito dos quais conseguiram
concluir curso superior.
Muitas histórias são contadas sobre Antonio da Silva
Rocha, dentre estas as de que ao plantar a primeira cana-de-açúcar
em suas terras dissera: “nesta cana ninguém mexe,
ela vai crescer e aguardar o meu filho (Salomão) nascer
e ter dentes para chupá-la”. E que isto realmente
aconteceu. Dele existem frases célebres, das quais lembro-me
das seguintes: “Meu filho, não minta jamais, pois
a verdade sempre aparece. Só minta para sua mulher, quando
estiver casado. Mesmo ela vendo alguma coisa errada minta, minta
e minta, sempre”; “A economia na comida é a
mãe da tuberculose, no vestir e no luxar é a base
da prosperidade”; “A herança que quero deixar
para os meus filhos é o saber e bom procedimento”;
“Não quero filho ladrão, assassino ou fresco,
quero meus filhos homens de bem e trabalhadores, machos”;
“Quatro coisas mandam o mundo: saúde, dinheiro, política
e mulher. E eu gosto mais desta última”; “O
homem com medo não vive”; “O governo bota rabo
em quem não tem”; “Governo não dá
prego em estopa, porque rasga” e “O risco que corre
o pau corre o machado”.
Antonio da Silva Rocha foi um grande homem, visto que honesto
e trabalhador, e não deixou inimigo, mas alguns verdadeiros
amigos, como Benú Lago, graças a Deus. Esteve doente
por longos anos e sua irmã Maria Hipólito Rocha
Borges, residente em Lima Campos-Maranhão e minha irmã
Maria Pereira Rocha (Lili), domiciliada em São Luís,
foram quem mais cuidaram dele durante sua longa doença,
as quais merecem os eternos agradecimentos dos seus demais filhos
e filhas.
Meu querido pai faleceu em 10 de outubro de 2001, portanto faltando
sete dias para completar noventa e cinco anos de idade. Se não
tivesse morrido, neste 17 de outubro de 2006 estaria completando
100 anos. Mas sua memória continua viva em todos nós,
seus filhos e filhas, e a saudade que dele sentimos é eterna.
Obs. Publicado no JP de 17.10.2006.
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